quinta-feira, 28 de abril de 2011

Departure Washington D.C - Cleveland, Ohio - 1° dia - 12/01/2011

Acordei, mas ainda estava exausto. Acordei pensando em tudo que iria acontecer. Ainda estava escuro lá fora. Tínhamos que partir cedo. Fui tomar um banho com água quente. Como fazia frio! Coloquei minhas roupas, acordei meus amigos que estavam comigo no quarto. Levei a minha mala para o saguão de entrada do 4-H. A Tracy e o Simon nos entregaram barras de cereais para levar na viagem.

Esperamos todo o mundo descer com as malas e pegamos o ônibus. O grupo de Charlotte foi o único grupo que ficou no 4-H devido ao atraso do vôo que fora avisado com antecedência.

Quando entramos no ônibus a Tracy e o Simon nos entregarem outras coisas para comermos durante a viagem. Cada grupo desceu em uma parada diferente do aeroporto. O pessoal de Cleveland foi o segundo grupo. A Cary e o Simon nos acompanharam até o check-in.

Deixamos as malas e seguimos para a revista. Estava com duas malas de mão e em uma delas havia uma garrafa com água, coisa que causou um certo constrangimento quando passei pela segurança do aeroporto. O staff já havia falado que não podíamos levar água ou qualquer tipo de líquido em grandes quantidades dentro das malas de mão. Bem, na verdade eu esqueci que a bendita garrafa continha água.

Quando uma das minhas malas de mão passou pelo detector uma policial tirou a minha bolsa da esteira e perguntou se havia água dentro dela e disse que não poderia sair dali. Outro policial chegou e começou a falar comigo. Ele me levou para um local reservado e disse para eu jogar a água fora ou bebê-la, pois dali eu não podia passar. O grupo de Cleveland já havia seguido para o destino, pois nesses lugares ninguém pode parar para esperar. Olhei se havia algum banheiro por perto e nada. Decidi beber a água mesmo. Praticamente 3/2 litros de água em menos de 1 minuto. Não parei nem para respirar.

Voltei e fiz o mesmo processo, e me pararam novamente. Dessa vez por causa de um protetor solar, creme hidratante e shampoo. Falei novamente com outro guarda e expliquei  de que cada composto se tratava. Ele me liberou mas ficou com o shampoo (Que não possuía rótulo). Bem, estava atrasado mesmo e sozinho, o shampoo era o de menos. Tinha que achar o pessoal. 

Andei por uns 10 minutos e nada. Dei-me conta que havia perdido as minhas luvas na correria. Parei em um balcão e perguntei onde ficava o portão onde iria embarcar. Andei mais um pouco e achei a Ana. Ficamos esperando (O voo tinha atrasado). Pegamos o voo que durou aproximadamente uma hora. Nevava muito na Philadelphia, onde fizemos a nossa conexão.

Na verdade, mal descemos do avião e já saímos em disparada. O nosso outro vôo saia em 10 minutos. Estávamos no portão `A` e tivemos que correr até o outro lado do aeroporto, que não se enganem, era ENORME. Ainda bem que encontramos umas esteiras no meio do caminho, que são colocadas em aeroportos de grande porte para facilitar a vida dos passageiros - E como havia facilitado as nossas!!!

Corremos por uns 20 minutos praticamente sem parar. Quando chegamos no portão tivemos a grande sorte do outro avião também ter atrasado. O pessoal da companhia aérea nos deixou embarcar- Ufa!! Ainda bem!!!

Vista da janela do avião (A movimentação de aviões no aeroporto da Philadelphia era enorme).

Vídeo de quando o nosso avião decolou:


Mais outra hora de vôo e Cleveland já se mostrava abaixo de nós: Branca,  serena e fria. A visibilidade estava um pouco afetada, porque nevava fortemente. Saímos para pegar as nossas malas. Estávamos esperando por uma pessoa chamada Gina Cirino. Cary havia nos dito que ela seria a coordenadora em Cleveland.

Mal havíamos pegado as malas e uma uma mulher apareceu perguntando se éramos o grupo de Jovens Embaixadores. Ela se apresentou e nos guiou até um carro. Mal sabíamos nós os momentos agradáveis que iríamos passar juntos. Um senhor muito simpático que seria o motorista do grupo durante a nossa estadia em Cleveland, o Yuri, nos atendeu e nos ajudou a colocar as malas, que não eram nada pequenas, e principalmente a minha, dentro do carro.

Seguimos para um restaurante Italiano para almoçar. Lá tivemos a oportunidade de conhecer melhor a Gina.  Ela tinha decendência Italiana, e o Yuri, tinha suas origens da Rússia. Eu já sentia saudades dos outro Jovens Embaixadores e fiquei imaginando onde eles estavam naquele momento.

Jovens Embaixadores em Cleveland, Ohio, com a coordenadora Gina Cirino (se encontra no meio do grupo com sobretudo cinza)
Eu e a Ana dentro do restaurante.

No restaurante eu pedi  sopa com pães. Depois entregaram um espaguete. O prato era enorme! Não consegui comer todo.

Seguimos para o escritório da Gina. Ela até o momento também mostrou-se muito simpática. O que já havia marcado era a sua voz e o vocativo que sempre utilizava: "Hey, guys! (...)". Actually, I loved to hear these words from her.

Chegando lá ela nos apresentou a agenda com toda a programação para a nossa estadia em Cleveland. Gina desde o primeiro contato mostrou-se sempre muito organizada. Ela ainda falou sobre a temática do programa, sobre social justice and volunteerism, mostrando alguns vídeos sobre as ONG`s que iríamos visitar. Ela nos mostrou dois vídeos que realmente me tocaram - totally moving - sobre Malachi House e Boys and Girls Club (vou citar mais coisas sobre essas suas organizações em outras portagens).

Jovens Embaixadores em orientação no Escritório de Gina Cirino
Depois conversamos sobre as host families. Ela nos perguntou como estávamos nos sentindo, afirmando que as nossas famílias estavam tão ansiosos como nós.

A hora havia chegado e seguimos para Westlake High School, onde seríamos deixados para que as nossas famílias viessem nos buscar. Confesso que não estava muito nervoso, apenas ansioso para conhecer minha família.

Quando todos desceram da van alguns pais já estavam a nos esperar. O meu demorou um pouco a aparecer. Estava a admirar a escola quando escutei alguém perguntar pelo meu nome. Quando me virei dei conta que meu "host father" havia chegado, e estava com um sorriso enorme no rosto. Nos comprimentamos e disse adeus para os que ainda estavam em frente a escola. Fui para o carro.

No caminho para casa confesso que me senti um pouco estranho, mas isso foi sendo quebrado logo. Mr. Bailey começou a conversar comigo sobre o que havia achado de tudo, da neve, das casas... Também falei um pouco do Brasil até que chegamos em casa. Fui recepcionado com a coisa mais fofa, linda, cheirosa ... A cachorrinha da família chamada Maggie (Depois postarei fotos com ela).

Minha casa a noite.

Ele me ajudou a colocar as malas no quarto que eles disponibilizaram para mim e me deixou super a vontade. Meu host brother, Campbell, ainda não estava em casa e minha host mother estava no trabalho.

Arrumei minhas coisas até que meu irmão chegou em casa, assim como Mrs. Catherine, a minha host mother. Eles foram super gentis. Mrs. Catherine desde o primeiro contato foi realmente como uma mãe. Me tratou de forma que nem posso colocar em palavras. A família em si me tocou com a hospitalidade e com o olhar de cada um. Jantamos juntos e depois disso mostrei a minha apresentação na qual falei sobre a minha cidade, a minha rotina no Brasil, fatos sobre o nosso país e principalmente sobre o programa Jovens Embaixadores. Depois entreguei alguns presentes que trouxe. Ficamos conversando na sala até que pedi licença e fui dormir. Amanhã iria ter que acordar cedo para ir para a escola com Campbell. Adormeci feito uma pedra, feliz por ter tido momento tão agradável com a minha host family.



segunda-feira, 18 de abril de 2011

Washington D.C - 4° dia - 11/01/2011

Como foi difícil acordar! As minhas pálpebras não queriam abrir, mas o sol já fazia questão de enviar a claridade de mais um dia. Antes de tomar café da manhã ainda andei pelo 4-H com alguns Jovens Embaixadores. A neve que havia caído no primeiro dia havia derretido por completo. Agora só restava a sensação térmica e ver a vegetação sem as folhas, mas a poesia do local ainda se encontra lá, e me encantava da mesma forma.

Eu e o meu amigo JE Denis, do Acre.

Eu em uma das escadarias de um dos prédios do 4-H

Eu ao lado de uma estátua de uma `vaca colorida` que existe dentro de um dos prédios do 4-H. Nela havia escrito: `Children are the fabric of a community` - `Crianças são a fábrica de uma comunidade`. 

Seguimos para o café da manhã. Hoje experimentei algo que sempre vi nos filmes: Panquecas! Além disso peguei baicon, batatas e cappuccino, que inclusive estava uma delícia. E sim, eu gostei das panquecas. Elas são degustadas com coisas variadas. Eu preferi com manteiga, mas existe até um mel que eles colocam (Confesso que não sou muito fãn desse mel).

Meu prato no café da manha.

Depois do café nos preparamos para sair. Algo de muito especial iria acontecer hoje. Estava muito ansioso pela primeira atividade do dia. Seguimos para uma escola de Ensino Médio para fazer a nossa primeira apresentação sobre o Brasil.

Fomos de ônibus e quando chegamos na escola passamos pelos seguranças e fomos direcionados diretamente para a biblioteca. A Escola se chamava Cesar Chavez e eu me impressionei MUITO com a estrutura que ela possuia. Chegamos e ficamos sentados em grupos.

Fachada da high School

Eu na frente da High School Cesar Chavez

Ficamos esperando os alunos. Quando eles chegaram eles escolheram em qual grupo ficariam para participar da conversa. Começamos  falando sobre o programa e sobre nosso país. Tinha uma aluna entre as quatro que ficaram conosco que já sabia algo sobre o Brasil. Foi um conversa interessante. À medida que conversávamos também tínhamos a oportunidade de falar sobre os EUA, pois relacionávamos, por exemplo, como se dava a atividade voluntária nos dois países. Eu sinceramente amei ter tido a oportunidade de compartilhar tais informações com elas.

O grupo de Jovens Embaixadores no qual fui inserido para falarmos sobre o Brasil com alunos americanos.

Depois do tempo que passamos juntos cada aluno foi convidado a pegar um Jovem Embaixador na sala para assistir um aula dentro da escola. Eu segui para uma aula de matemática. No caminho me deparei nos corredores com aqueles famosos armários que as escolas americanas possuem para que os alunos possam deixar seus pertences. Quando comentei que no Brasil as escolas não possuem os 'lockers' eles não acreditaram. Falei que nós carregávamos tudo para casa e trazíamos para a escola todos os dias.

Eu em um dos corredores da escola

Chegando na sala conheci a professora que foi bastante simpática e me apresentei a turma. O dia de MLKD (Martin Luther King) estava próximo e outra coisa que me deixara estupefado foi a quantidade de cartazes pregados na sala fazendo referencia a ele. Quando estava dentro da sala conheci a coordenadora da escola. Ela era quem inspecionava tudo. Falei quem era e aproveitei para tirar algumas dúvidas com relação a escola.

Depois da professora ter explicado o assunto referente a equação afim, ela me deu um espaço para falar sobre o Brasil. Entreguei para cada aluno post cards de Natal que havia levado para a viagem assim como panfletos. Na sala eles ficaram impressionados com as imagens. Disseram que eu morava no paraíso. Ficaram curiosos com qual língua falávamos - engraçado foi na hora em que me pediram para falar português com eles-, como era nosso sistema educacional, pois haviam me perguntado em que série do ensino médio me encontrava, além de terem se interessado sobre os métodos de avaliação que os alunos são submetidos no nosso país. Aproveitei para citar a existência de universidades públicas aqui no Brasil.

Aula de matemática

Eu dentro de sala com a professora de matemática (no meu lado esquerdo) e alunos da escola.

O sinal tocou e seguimos para o refeitório com os alunos para almoçar. O refeitório era enorme! chegando lá ficamos sentados enquanto o diretor dava algumas instruções. Depois disso as alunas me convidaram para comer pizza com elas. Ficamos conversando um pouco, trocamos contatos uns com os outros até que elas precisaram ir.

Eu com a aluna que me`adotou` e me acompanhou durante a aula.
Eu e alunos da Cesar Chavez no horário do almoço.
Ficamos ainda no refeitório. Depois que todos saíram fomos chamados e o diretor agradeceu por nossa presença na escola. Eles nos entregaram uma garrafa d`água da escola para cada Jovem Embaixador, além de uma medalha que era entregue para os melhores alunos da escola. Ficamos bastante lisonjeados e alguns Jovens Embaixadores agradeceram em nome do grupo.

Saímos da escola e estava nevando fino. Fomos em direção a nossa segunda atividade do dia. Nossa reunião agora seria em ONG`s. Os Jovens Embaixadores foram divididos de acordo com os host states que faziam parte. O grupo de Cleveland iria com Cari para o escritório da Organização Advocates for Youth. Antes disso passamos ainda por uma livraria (Ela era enorme! Me senti em Nárnia quando entrei lá. Um mundo novo a ser descoberto :D ). Depois de uns 15 minutos partimos.

Chegando lá fomos recebidos pelas coordenadoras do projeto em D.C. Elas nos deram uma pasta com informações sobre o Advocates for Youth e nos levaram a uma sala onde conversamos sobre a missão da organização. O Advocates for Youth foi fundada em 1980 e tem como objetivo principal orientar os jovens sobre a sua educação sexual. A organização realmente me impressionou com a responsabilidade e com os temas que são tratados por eles. Eles citaram o direito das mulheres em obter informação e prevenção em suas relações afetivas; o HIV, que vem afetando muitas comunidades em todo o mundo e vem ceifando a vida e sonhos de muitos adolescentes; a diferença de gênero; a morte de adolescentes que estão no período pré-natal, e a opressão de jovens em muitos países por sua opção sexual.

É um fato que a educação de jovens sobre temas como esse é um direito de todos, pois o direito a informação e a educação, independente de que gênero for, é um direito básico e de todo o ser humano. Tal assunto deve ser levado em consideração pela mídia e pelos governos. Vou dispor aqui de alguns dados importantes que devemos levar em consideração. Hoje, em alguns países, a intolerância alimentada contra grupos de homossexuais, por exemplo, faz com que governos persigam tais pessoas e em alguns casos os condenem à morte. O numero hoje de países onde isso acontece chegam a sete. Já se tratando da diferença de gênero, é fácil notar que a mulher ainda luta para poder ter seu espaço e ser respeitada na nossa sociedade. Se referindo ao nosso país, com dados disponibilizados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mesmo a mulher sendo maioria na população brasileira é ela quem se encontra sem emprego, muitas vezes ocupando cargos em serviços domésticos e na administração pública, herança de um pensamento herdado de uma civilização patriarcal.

Fatos como esses violam todo e qualquer direito humano e foi isso que tratamos durante a nossa conversa. A Advocates for Youth trabalha com pessoas em muitos lugares no mundo e principalmente na África.

Um vídeo interessante sobre a fundação da Advocates for Youth que encontrei no You Tube 


Outro vídeo muito bonito sobre human rights (Direitos Humanos) - * Recomendo!*



Tais estatísticas nos mostram que realmente devemos estar a par de tais acontecimentos, pois acredito que nós como cidadãos do mundo devemos enxergar o mundo como um todo, analisar os problemas da comunidade global e reagir, aliás, o mundo precisa de pessoas que estejam dispostos a mudá-lo. Devemos ser antes de tudo cidadãos conscientes.

Depois que as coordenadoras da organização terminaram de falar fizemos algumas perguntas e terminamos a reunião agradecendo a oportunidade de conhecer o projeto deles. No final fui entrevistado por um repórter do Departamento de Estado Americano que acompanhou toda a nossa conversa, assim como a Ana do Amazonas e o nosso coordenador, O Gilmar Matos. As perguntas se referiam a minha experiência até o momento e sobre as minhas impressões.

Seguimos para reencontrar o grupo novamente no centro de Washington D.C. Quando todos chegaram fomos comer algo. Divididos em grupos nos seguimos para um fast food. Eu pedi um hamburguer, fritas e Coca-Cola. O que eu não esperava era que a quantidade fosse enorme. O prato que recebi dava para ser dividido com três pessoas.

Eu na frente do fast food

Essa batata frita era do tamanho da minha mao XD

Nos reunimos quando terminamos e voltamos para o 4-H. No momento chovia um pouco. Pegamos o trem e depois o ônibus. Mal descemos do ônibus em frente ao 4-H e algo maravilhoso nos esperava. Parou de chover e começou a nevar. Acho que aquele seria o fechamento do nosso primeiro período em Washington D.C. Peguei a câmera do Caldeirão e comecei a gravar a cena. Todos estavam radiantes. Brincamos de atirar neve um nos outros, pulamos...

Eu e a Bárbara de São Luís

Eu e a Ana Carolina brincando :)
Eu escrevendo o nome do GACC na neve (Grupo de Apoio a Criança com Câncer)

Depois de certo tempo fomos chamados para o ultimo workshop do dia. Esperamos um pouco na sala de recepção do 4-H quando o staff nos chamou para uma sala.

Eu, a Cari da World Learning e a Ana do Amazonas, esperando para o último Workshop.
Simon faria algumas recomendações para nós sobre a nossa estadia com as nossas host families. O novo se aproximava. Amanhã iria começar uma nova etapa, não só dentro do programa, mas uma nova etapa que iria mudar as nossas vidas, iria abrir as nossas mentes. Batemos em retirada para arrumar as nossas malas.

Eu momentos antes de começar a organizar tudo.
Quando terminei estava exausto. Fui dormir. Mal sabia eu o que eu iria encontrar naquela terra chamada "Cleveland". Certeza eu só tinha uma mesmo, que eu iria dar o melhor de mim.