segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Phillips Exeter Academy 08-07-2011

Acordei e fui direto tomar banho para depois tomar café. Ainda tinha que ler uma boa parte do livro "The Fall of Rome", e por isso me apressei. Lia-o durante as caminhadas entre as aulas e intervalos.

Hoje seria o dia em que daria uma aula sobre modos verbais  para a minha sala de "Grasping Grammar for Non Native Speakers", do professor Mr. King. Estava muito feliz e ocioso. Saí correndo pelos corredores, descendo as escadas do Academy Center depois da aula de "História dos Estados Unidos", partindo em direção aos gramados centrais de Exeter, rumo ao prédio vizinho, o Phillips Hall, onde as aulas de literatura e inglês são lecionadas.  

Chegando em sala, corrigimos a atividade do dia anterior (que se assemelhava muito às provas do SAT reasoning) e comecei a dar minha aula em conjunto com meu amigo da Espanha, Guerry. Tentei dar uma aula bem dinâmica, estilo Harkness Table. Ao final da lição, parecia que nós tínhamos feito um bom trabalho, pois tanto o professor como os nossos colegas estavam impressionados com a didática. Ao final, Mr. King me disse que eu deveria ser professor de inglês. Eu comentei na mesma hora que era isso que queria me tornar. Esse reconhecimento vindo da parte dele foi muito importante para mim. 

Em seguida, fui para a aula de "Creative Writing", que ficava no mesmo corredor, uma porta ao lado da sala do professor King. Continuamos o nosso estudo sobre poemas e pontuação. Como dever de casa, tínhamos que escrever constantemente poemas, uma tarefa que me fazia relembrar o quanto gostava de escrever, uma atividade que infelizmente não estava desenvolvendo nos últimos meses. "Transcender" meus pensamentos em um pedaço de papel tornou-se uma constante durante minha vida acadêmica no IFRN, todavia, com o passar do tempo, escrever e denotar em palavras o que se perpassava em minha mente passou a se tornar uma tarefa difícil, parecia que a folha em branco me nocauteava. Contraditoriamente, meu professor de "Creative Writing" não tirou essa ideia da minha mente, ele a reforçou; escrever é extremamente difícil, mas também uma tarefa prazerosa. Comecei a refazer o que já era acostumado: utilizar a caneta e o lápis para desenhar no papel significados através das palavras.

Depois que o vi falando com tanta paixão, entonando cada palavra, exaltando os poemas que iríamos estudar, tanto como as figuras de linguagem empregadas nos poemas, a forma, as aliterações, a rima, o jogo de sentidos, enfim, todo o conjunto, notei o sentimento que reverbera entre escritores, um sentimento comum de que escrever não é uma tarefa, mas sim uma arte. Eu ainda não tinha essa ideia bem solidificada, porque esse processo estava internalizado em minha mente, e incrivelmente quando escrevia, não me dava conta de todo esse manuseio que fazia. Essa perspectiva foi amadurecendo logo durante as primeiras aulas com Mr. Corrigan em Exeter. Como resultado desse processo, passei a respeitar intensivamente o trabalho daqueles que vivem unicamente para e pela escrita, tanto como comecei a reconhecer o meu próprio trabalho.

Quando terminado essa aula, desci as escadarias e fui para o térreo, onde Mr. Daves se encontrava. Encontrei mais três colegas exonians, que já estavam tendo aulas no curso de AEP. Comentamos sobre os capítulos do livro que lemos. Infelizmente, ainda faltava uma capítulo para eu ter terminado, mas ainda conseguir acompanhar o grupo devido ao meu conhecimento adquirido com a leitura dos sete primeiros capítulos do livro "The Fall of Rome". 

Com o término da aula, corri para o refeitório; com a aula adicional de AEP só teria uma hora para almoçar e seguir para a atividade física, que fora escolhida por mim dias anteriores. Fui ao dormitório e troquei de roupa. Segui para o ginásio e fui procurar a sala onde iria fazer yoga. O Phillips Exeter Athletic Center  era enorme. O maior centro esportivo que já vi. Nas paredes, quadros com antigas equipes da escola, em outras, estantes com bolas de jogos entre a sua "rival" Andover, com os placares das vitórias e o ano dos jogos gravados nelas.

Entrando no Phillips Exeter Athletic Center


Bolas de Voleiball
Bolas de Baseball
Estava muito cansado devido as poucas horas que dormir. No final do yoga, o professor pediu para que nós nos deitássemos e relaxássemos. Ele tocava em seu rádio uma música relaxante e batia em um sino. Dormi instantaneamente. Quando acordei todos já estava se retirando. Me levantei e segui em conjunto com algumas meninas para o meu dormitório. Elas eram super divertidas. Ficamos perguntando uns aos outros de onde vínhamos. Chegando próximo a porta do meu dorm me despedi e fui terminar minhas atividades diárias. À noite fui jantar e continuar lendo o meu livro para a aula de AEP. Sabia que muita coisa ainda estava por vir.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Phillips Exeter Academy - Oportunidades na vida - 07-08-2011

Viver em Exeter me proporcionou vários momentos para reflexão, onde eu reavaliei o que realmente importava para mim. Eu acredito que às vezes temos que nos auto-avaliar, nos questionar, e solidificar os nossos conceitos. Esse é um processo cíclico em nossas vidas, e em Exeter me deparei com ele várias vezes; mal conversava com pessoas de outros lugares do mundo e com os meus professores, me dava conta do quanto eu tinha e tenho que aprender. 

Nesse dia, depois das aulas e de ter almoçado, andei pelo centro da cidade de Exeter, e conheci alguns  lugares como a loja de chocolates, o antiquário, a livraria, e sorveteria. Depois dessa caminhada, fui para o dormitório dormir. Estava exausto. Fazia uma calor insuportável. Às vezes pensava que a sensação térmica era pior do que na minha cidade, Natal. Quando acordei, segui para o refeitório e, posteriormente, voltei para o dormitório. Lá morava um adviser, também professor do curso de AEP (Advanced English Placement), chamado Mr. Daves. Eu o conheci logo nos primeiros dias em Exeter, quando todo o dormitório se reunia em grupo no subsolo, durante as reuniões para discutir as regras e os acontecimentos durante o Summer Course

Naquela época, eu já havia enviado minha documentação para a banca de um programa chamado OG (Opportunity Grants Program- que deve ser chamado de Opportunity Funds Program), um programa patrocinado pelo Departamento de Estado Americano e organizado pelo Education USA Office no Brasil que financia e orienta alunos com bom desempenho escolar, com excelência em língua inglesa, e com perfil de liderança para serem candidatos a passarem pelo processo seletivo das universidades americanas, afim de cursar o nível superior nos Estados Unidos. 

Eu já sabia qual área de estudos eu gostaria de fazer durante o meu ensino superior. Estar em Exeter estava sendo um preparatório para mim, e sabia que essa seria a melhor oportunidade para descobrir parte do meu potencial. Devido a esses fatos, havia marcado com Mr. Daves para visitá-lo em seu apartamento, que ficava localizado ao lado do meu quarto, para conversar sobre a carreira de um professor nos Estados Unidos, afinal ele trabalhava em uma das escolas mais privilegiadas dos EUA, e sem dúvida essa seria uma conversa que me traria outras perspectivas e novos conceitos. Além disso, também tinha em mente em explicar o que estava se passando em minha vida naquele momento, sobre o processo do OG, e escutar dele algumas dicas sobre o processo seletivo das universidades americanas. 

Às 7:30 daquela noite, bati na porta de Mr. Daves. Escutei os passos dele vindo de encontro e a primeira coisa que vi foi um sorriso irradiante e convidativo. Ele pediu para que entrasse e a primeira impressão que tive era de que eu havia mergulhado no espaço aconchegante e peculiar de uma biblioteca: as paredes da sala se escondiam atrás de várias prateleiras, com inúmeras edições de livros sobre literatura, língua inglesa, e direitos humanos, todos iluminados por uma luz fraca que vinha de um pequeno lustre pendurado no meio da sala, além do silêncio, que foi quebrado quando ele me pediu para segui-lo. Entramos em uma sala de estar, onde havia mais duas outras estantes com mais algumas centenas de livros. Sentamos ao lado de uma mesa de vidro que ficava ao lado da sala, e ele perguntou o motivo pelo qual queria falar com ele. Senti que estava no lugar certo. 

Primeiramente, falei sobre a minhas perspectivas, as minhas dificuldades, e depois ele compartilhou sua história de vida. Durante sua fala, ele falou das escolas onde havia estudado, das dificuldades durante sua vida acadêmica e sobre como havia chegado em Exeter. Ele me mostrou seus diplomas, um deles de uma universidade chamada "Colgate", uma das melhores universidades dos Estados Unidos. O diploma era lindo, com bordas douradas e com o brasão da escola no topo superior, com o nome da universidade em itálico. Depois dessa conversa ele me orientou com relação a universidades e me convidou a participar das suas aulas de AEP. Ele sabia naquele momento que eu estava trabalhando para melhorar minhas habilidades com a escrita e que ele poderia desempenhar um papel importante no meu desenvolvimento acadêmico e pessoal.

Eu admito que me assustei com a "oferta", mas sabia que era o melhor para mim. Aceitei. Ele me trouxe dois livros para serem lidos: "The Fall of Rome", da escritora Martha Southgate, e "The Reluctant Fundamentalist", de Moshin Hamid. Ele me pediu para ler os 6 primeiros capítulos do primeiro livro para o dia seguinte, pois ele já havia começado as lições há praticamente uma semana. Isso queria dizer que teria que ler aproximadamente 100 páginas deste livro, e já eram praticamente 10 horas da noite e ainda tinha as minhas atividades das outras aulas para fazer. Mas enfim, era isso,  estava lá para estudar mesmo. Agradeci muito a ele por ter me dado aquela oportunidade e fui para o meu quarto, apertando sua mão. Acendi a luz e abri o livro; comecei a lê-lo.

Livro "The Fall of Rome"

O livro retratava um confronto pessoal que o narrador, o professor de latim da boarding school Chelsea, Mr. Washington, enfrenta quando se depara com um aluno negro chamado Rashid. Ele internaliza o preconceito contra suas próprias raízes e tormenta Rashid em consequência disso. Em sua trama, a escritora revela através de seus personagens, o significado do pré-conceito existente no Século 21. (Leia texto escrita pela escritora Martha Southgate sobre sua carreira e escritores africanos no The New York Times clicando aqui.)

Eram três horas da manhã quando fechei o meu livro e terminei todas as outras atividades. Ainda haviam algumas folhas para serem lidas, mas os meus olhos ardiam. Decidi lê-los durante os intervalos pela manhã.

Fotos tiradas durante a caminhada

Centro de Exeter

Autores locais

Fachada da livraria

Livraria

Loja de chocolates

Sorveteria

Em frente à sorveteria